sábado, 10 de novembro de 2012

Morte...Morte! Seja sensata nesta noite!
Leve-me para o desconhecido
Rompe-me a casca que prende minh'alma
Congele meus batimentos
Cesse o pulsar...

Condene-me com a eternidade
Puna-me com o esquecimento
Apague-me com o tempo

Destrua os restos mortais
Antes do cair de outra noite...

Sinto a agitação no peito
Agonia berrante...Como fera faminta
A voz e as palavras, perdem-se
O pranto é inevitável...

O silêncio vem cavalgando em cólera
A insônia entre em coma profundo
Os pesadelos saem das arcas enterradas
O sono evade-se entre as frestas da porta

O toque sutil dos lábios da morte
É a deixa, antes do amanhecer...

Rel.
A neblina lá fora, é o véu da noite
O orvalho, é o Bálsamo da morte
Que acoberta minhas vestes
O vento vem, para despedir-se...

O punhado de vida que ainda resta
Perde-se na escura esquina ao leste
Extinta junto aos prantos meus...

As cinzas deste cinzeiro
Entregam o que acontece todas noite...
Um vasto cemitério de cigarros tragados
Chaves de uma mente tão doentia
Reduzidas a restos mortais
A mortificação das palavras
Frases e ais na folha
Consequência de insônias...

O corpo esquece a carícia da cama
Roga o leito no cemitério mais próximo...

Rel.
O buquê mais belo do mundo
Não encontra-se na mais bela floricultura
No mais belo jardim
Encontra-se no lugar esquecido
Temido,esquartejado pelo tempo

Um lugar onde o silêncio é a sinfonia mais incrível
Onde o mármore nem sempre é cobertor para todos
Onde fotografias são corroídas pelo tempo
E nomes encravados em jazidos...

O cheiro pestilencial, é linhagem desta Terra
O temor dos vivos, é a essencial aqui
O entorpecimento, uiva alto em cada catacumba
Sobre sol e chuva, flores vem e murcham...


Um corvo no inferno

Anjo de asas negras, o vasto mistério é pérola
Vocifere entre a escuridão
Rasgue o silêncio dessa imensidão
Arranque o pavor dos noturnos
Rompa os anéis de saturno
Antes de outro alvorecer...

Pobre besta, negror de prantos soturnos
O inferno, desdobrasse em sete
E os portais dos vivos para com os mortos
Rompem-se em tua patrulha...

Carregue! Maldito! Outra alma embebecida
Sorver mudo,é um dom para poucos!
Perambular sobre jazidos esquecidos
É suplicar por uma única coroa
Perder o calor...O viver...

Observas! Criatura miserável!
A decadência infeliz quimera saciável

"O fel, mero mortal é a mais agridoce bebida
Líquido raro, que somente você, foi agraciado
Beba... e não temas partir..."

Rel.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Meia noite! Acorde! Acorde criança
Vamos...Desperte...O espetáculo é agora
O mundo dorme,
O mundo transa,
O mundo morre...
Nas ruelas escuras caminharemos
O muro da privação da Casa dos Mortos
Iremos pular...

Reunião desvairada de mortos
Pairar,
Acender um cigarro para aquecer o peito vivo
Embriagar-se para gargalhar
Pois tú- pura criança - mereces sorrir

Veja!
Flores mortas sempre tem o aspecto de belo
O seu cheiro pútrido mantém viva
A lembrança de quem já partiu

Vês! Esse é o único lugar em que os vivos
Temem em vir...
Por isso, o abandono e o esquecimento
Não que isso seja trágico
Pelo contrário...
É o lugar mais sensível e belo
Em que pode-se ser bem vindo...

Rel