terça-feira, 31 de maio de 2011

Supliquei tanto para que essa dor não fosse tão cruel,
Mas foi em vão...

O silêncio agora enche-me por completo,
As dúvidas não param de surgir...

Escolher viver é tão dolorido quanto morrer,
Sorrir e ser falso,
Amar é ser canalha

E dizer que não amo,
É mentira...

Rel de Lima 31/05/2011.

Vincent - Tim Burton.

Privaram-nos de nossa Fuga.

Em uma noite sábado,
Indo de encontro com o silêncio
Que a vida já não consegue quebrar
Entre as sombras ali,
Encontravam-se os malditos,
Reprimidos e incompreendidos
Deste mundo cão,que nos fere...

Julgados e condenados,
Por simplesmente abandonar estes canalhas
Que nos difamam
Por nossas vestes e apreciações.

Somos reprimidos,
Com uma mão,afagando uma Arma
E a outra já formando-se em soco.

Ideias absurdas e quadradas
Somos marginalizados pela Ignorância,
Por esta Ditadura-que é mascarada e esquecida.

Acabamos sendo exilados,
Do único lugar que nos libertara,
Desse mundo Pós-Moderno,
Mesquinho e sujo
Igual aos que fingem vivê-lo.

Rel de Lima 31/05/2011.

"Em repúdio,aos Primatas que expulsam os que não querem o mal,mas acolhem aqueles que estão fora de si,pelo prato sujo que o mundo insiste em ofertar."

Dedico a Condessa Mortícia,Davi Becker,Pastor e sua namorada que eu não sei o nome e Shabanna(Não sei se escrevi certo.)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Decadência

Iguais às linhas perpendiculares
Caíram, como cruéis e hórridas hastas,
Nas suas 33 vértebras gastas
Quase todas as pedras tumulares!

A frialdade dos círculos polares,
Em sucessivas atuações nefastas,
Penetrara-lhe os próprios neuroplastas,
Estragara-lhe os centros medulares!

Como quem quebra o objeto mais querido
E começa a apanhar piedosamente
Todas as microscópicas partículas,

Ele hoje vê que, após tudo perdido,
Só lhe restam agora o último doente
E a armação funerária das clavículas!

Augusto dos Anjos.

Solitário

Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
-- Velho caixão a carregar destroços --

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

Augusto dos Anjos.

Soneto

Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial,

Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
Em tua morfogênese de infante
A minha morfogênese ancestral?!

Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente  anônimo, a feder?!

Ah! Possas tu dormir, feto esquecido,
Panteisticamente dissolvido
Na noumenalidade do NÃO SER!

Ao meu primeiro filho nascidomorto com 7 meses incompletos.
2 fevereiro 1911.


Augusto dos Anjos.

O Morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!

Augusto dos Anjos.

A Fenda do Fim

Pensamentos a deriva sobre o vazio
Minhas lágrimas vão de encontro a boca
Arrancando-me o mais cruel calafrio
Onde meu grito é atado por esta forca.

Os olhos observam o largo Nada,
Procurando algo que não pode ser achado
Minha tristeza, Minha dádiva semeada
Neste corpo e coração flagelado.

Resisto-em vão- Para não chorar
Berro sem se quer ser ouvido
Implorando que essa dor logo se vá.

Acreditando que tudo não passa de um sonho,
Esperando o Sol nascer,mas logo sou iludido
Percebendo que tudo isso é um pesadelo tristonho.

Rel de Lima 23/05/2011.

Análise da Lamúria

Basta de lamentar-se por falhas criaturas,
De remoer esta e este sentimento
Abandonar de vez esse Bem-me-quer, Mal-me-quer
Secar essas lágrimas que ensopam o rosto
Largar este infantil conto chamado Alegria.

Desprezar esse jogo de inúmeras máscaras,
Essa troca desesperada do riso para o pranto
De querer viver o que é para ser esquecido.
Brindar taças de alegria
É terminar saudando a tristeza futuramente.

Servi-se com o mais puro e imperfeito Amor,
É embriagar-se com o mais vagabundo dos vinhos.
Tragar frustações é perceber ...
...Que este era o teu último cigarro.

Rel de Lima 24/05/2011.

Suma

Suma! Suma de vez daqui,
Desapareça com sua trupe de canalhas
O teu sentimento,não quero voltar a sentir
Quero rasgar esse sentido em uma banheira de navalhas.

Afogar meu corpo fatiado no vinho
Na tentativa falha de esquecer o beijo,
Que na tentação,acabei sedendo para o desejo
Arrancando-me suspiros pelo arranhar do espinho.

Dor mais que infinita e cruel
É perder-me no Amor fingido,
Fazendo-me embriagar com o fel.

Sendo pertubado por aquelas lembranças
Que surram meu sentido
Matando-me aos poucos,com falsas esperanças.

Rel de Lima 20/05/2011.

Lástima

Vagarosamente fui desbotando o sorriso do rosto
Moldando-pouco a pouco- a expressão de profunda tristeza
Abraçando a solidão sepultando a alegria que agora largara
Com um sentimento de dor e de extrema frieza.

Exausto e açoitado por sempre querer ser feliz,
Agora brindo com taças transbordadas de lágrimas
Lamentando cada gesto singelo que ontem fiz
Para agora -assim- sofrer sozinho estas Lástimas.

Perco-me em confusas e atordoadas memórias
Enquanto caio em pranto ali calado
Percebendo que  quem  ama,desconhece e perde as glórias

O resto de meu putrico coração- que ainda peleija em bater,
Amarrarei com o cetim
Assim que ele murchar e morrer.

Rel de Lima 20/05/2011.

domingo, 15 de maio de 2011

Eu espero

Entre nós
O desejo
Entre nós
Nosso tempo

Não vá me deixar
Sem seu beijo
Se tudo o que há
Não é muito mais
Do que um momento

Quanto mais
Eu te espero
Mais sei esperar
Eu espero.

Adriana Calcanhoto.

Ontem não senti o hoje,esperando-me amanhã

Senti ainda hoje tuas mãos sobre meu corpo,
Tua  respiração em meu pescoço
Tua boca regando a minha em uma ternura infinita.
Senti tuas carícias em minhas partes
Estremeci com teus gemidos
Que abraçava o vazio.

Senti ainda o calor de teu corpo
Os suspiros em meu ouvido.

Senti minha carne sendo rasgada por tuas unhas
Senti o abraço apertado de teus braços
Senti tuas pernas enrroscadas nas minhas.

Mas hoje,
O que sinto,não se compara ao ontem,
Espanca meu presente
Sepultando meu futuro.

Rel de Lima 15/05/2011.
Observei em silêncio
Os gestos e atitudes de alguns
Notei que a Tietagem crescia de forma infame
Que cuspir, era mais prazeroso
Fingir,
Fisgar,
Transar...
Para assim receber o tratamento de trapos,
Tão almejados falos,
Vaginas inquietantes
Gozo tão falso quanto o beijo
Desejos defecados no grito que sai das tripas

Afagos agora procura
Um ombro para molhar.

Mas dane-se,
Agora estou indo para o meu Chá.

Rel de Lima 15/05/2011.
A cada vez que tento encontrar a felicidade
Termino encontrando a garrafa de vinho
Meus maços de cigarros,
Uma folha e uma caneta quase no fim.

Acabo em noites confusas e perdidas
O sono nem deita-se mais comigo
Os sonhos evadiram-se de mim.

Reprimo as lágrimas para que não caiam
Mas é difícil segurar algo tão frágil com tanta cautela.

Olhar para o vazio, em muitas vezes
É encontrar o "porque" dessa vão busca
Notar que o silêncio que ali floresce
É o fruto para aqueles que não tem medo desta miséria
Chamado Amor.

Rel de Lima 15/05/2011.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Disfarça e Chora

Chora,
Disfarça e chora
Aproveita a voz do lamento
Que já vem a aurora

A pessoa que tanto queria
Antes mesmo de raiar o dia
Deixou o ensaio por outra

Oh! Triste senhora
Disfarça e Chora
Todo o pranto tem hora
E eu vejo seu pranto cair
No momento mais certo

Olhar,
Gostar só de longe
Não faz ninguém chegar perto
E o seu pranto
Oh! Triste senhora

Vai molhar o deserto
Disfarça e chora...

Cartola.

Deusa Urbana

Com você eu tenho medo de me apaixonar
Eu tenho medo de não me apaixonar
Tenho medo dele
Tenho medo dela
Os dois juntos onde eu não podia entar

Com você eu tenho mesmo de me conformar
Eu tenho mesmo de não me conformar
Sexo heterodoxo
Lapsos de desejo
Quando vejo o céu desabar sobre nós

Mucosa
Roxa
Peito cor de rola

Seu beijo
Seu texto
Seu queixo
Seu pêlo
Sua coxa

Menina, deusa urbana neta do sol
Eu sou você
E os meus rivais
Sou só

Mucosa roxa
Peito cor de rola
Seu beijo
Seu texto
Seu queixo
Seu pêlo
Cê toda

Menina, deusa urbana neta do sol
Eu sou você
E os meus rivais
Sou só...

Caetano Veloso.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vire-me as costas.

Poderia ser feliz se encontrasse a felicidade,
Em um simples e sincero sorriso,ou em um pequeno esforço.

Talvez poderia ser mais um iludido,
Perdido em meus próprios sentimentos
Porque a cada lágrima que escorreu e ainda escorre
Poderá levar-me ao destino perdido.

Tantos medos e desejos que senti
Ainda me lamento pelas oportunidades pedidas
Gritando em meus amargos sonhos
Onde minha mente confusa e perdida
Se encontra agora.

Cansado e flagelado,
Caminhando em busca de alguns estúpidos sonhos
E mesmo sem saber os obstáculos que encontrarei
Continuarei em frente.

Sozinho, apenas querendo amenizar essa dor
Vejo meu pálido reflexo em teus olhos
Meu rosto mórbido,não brilha mais
A dor é tanta, que não me lembro mais qual é a sensação de um franco e doce sorriso

Mas onde errei?
Tantos sacrifícios e esforços jogados pelo ralo
Tento encontrar uma saída para essa penosa situação
Encontro meu descanso final,
No último sorriso forçado de teus lábios.

Rel de Lima.
Ó! Omnipotente e maculada Morte,
Leve-me daqui,
Enterre meus sonhos mortos
Enforque meus gritos de agonia mortal
Seque todos meus prantos
Acabe completamente essa insuportável dor.

Permita-me deitar em teu temido leito
Faça com que nunca mais acorde com meus planos
Anestesie minha doentia alma
Apunhale meu peito a mais pura verdade
Cubra-me com teu Véu negro
Plante rosas em meu próximo túmulo,
Que os mortos espinhos protejam meu caixão.

Açoite-me com tua espantosa presença
Deixe com que embarque em tua caravela macabra
Abrace-me,
Beije-me,
Aperte-me.

Embriague-me com teu veneno,
Entregue logo meu descanso eterno
Mas não permita,
Que ainda continue com esta vida.

Rel de Lima 22/12/2008.
O passo solitário de minhas tristes caminhadas
Vão - aos poucos- Sumir com o suspiro do vento
Minhas palavras, o tempo irá consumir
E com isso meus sentimentos são enterrados
Pela dor e solidão.

A vida perde sentido e cor
Minhas lágrimas,molham minhas lembranças,
Meu grito rasga o infinito
Das tristes noites de Dezembro.

Meus pulsos- aos poucos- Vai perder-se
Minhas contrações, vão e vem
Meus olhos irão ser selados pela morte.

A dor não aperta mais meu peito,
A angústia com o tempo que aqui suportei
Meus disformes caminhos, fará com que a vida seja desviada

E em meu solitário túmulo,
Meus pensamentos serão separados
Assim como o afeto que tive,
Nesta delirante e infame vida
Que foi conturbada pela felicidade.

Rel de Lima 24/12/2008.

Reparo do fim

Olhos vazios que procuram o que não pode ser achado
Fitam o peso das lágrimas- que hoje não pararm de tombar,
Aperto amargo e profundo,
Forte como o que foi antes
O gosto de ontem, ainda é sentido hoje.

Lágrimas que escorrem em destino a minha boca,
Regam o gosto inesquecível como o do Fel
Calafrios que abraçam e moldam meu corpo e espírito
O oco agora enforca o grito deste desespero
Sentimento- que sempre desprezível- agora seca

Gritos inquietantes,
Gritos surdos,
Gritos sujos,
Gritos mudos.

Mente pertubada,
Sonhos lançados a ruínas
A chama que consome a vela da alegria
Agora é apagada
Pelo forte suspiro da Vida.

Rel de Lima 28/04/2011.

Sereno

Sereno que visita-me todas as noites,
Entra nas brechas de minha torta janela
Bagunça e retira meu cobertor,para secar meus açoites
Agarra e beija meu seio desnudo.

Entrelace entre minhas pernas
Deslize tuas mãos sobre minhas coxas
Acaricie minhas costas.

Morda meu pescoço
Lambisque meu sangue.

Sussurre em meus ouvidos
A frieza de tuas palavras
Nesta prematura Transa.

Rel de Lima 28/04/2011