quarta-feira, 27 de julho de 2011

Gal costa canta "Vaca Profana"

Não me arrependo

Eu não me arrependo de você
Cê não me devia maldizer assim
Vi você crescer
Fiz você crescer
Vi cê me fazer crescer também
Pra além de mim

Não,nada neste mundo
Apagar o desenhos que temos aqui
Nem o maior de seus erros
Meus erros,remorsos
O farão sumir...

Vejo essas novas pessoas
Que nós engendramos em nós
E de nós
Nada,nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz
Nada,nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz...

Caetano Veloso.

Cão Guia

Andava cego de amor
E o meu cão guia
Não sabia
Seguia minha dor
De joelhos supliquei
Me declarava,não me ouvia
O cão latia pra ninguém

Se no amor só tive azar
Tentei a sorte
Em outro lugar

No bingo ganhei
Um disco do rei
Perdi tudo no bilhar
Do cachorro ao jogo de jantar

Não vou apostar
Nessa vida de azar
Se ela pode ir mais além
Deixa como está
Dessa sorte eu sou refém
Seis dezenas,fiz um par
No amor não fui tão bem

Cansei de ser um perdedor
Fiz do destino o amigo
Ente querido,fiador
Malas prontas,tudo ok!
E no caminho lado a lado
Um passo errado tropecei

Me levantei bem devagar
Deixei de lado o mau olhar
Pensei em traçar
A sina de um rei
Na moeda que vai dar
Tá na cara,não vou mais jogar

Não dá pra explicar
Só vai entender
O que é ganhar
Quem não cansou de perder
Eu perdi,vou ganhar
Ah!Eu perdi,vou ganhar.

Móveis Coloniais de Acaju.

Bem natural

Eu sempre fiz
De quase tudo a fim
De não fazer mal a niguém
Mas nem assim
Quis tudo o que fiz,meu bem

Não é natural
Tão natural

Você me diz
Não dissimulo bem
Uma resposta dita em vão
Se eu digo
É pra você ,não pra mim,meu bem

Não é natural
Tão natural
Nem tão natural
Bem natural

Sendo assim por obrigação
Um bem,meu bem é não
Sendo assim por obrigação
Um bem,meu bem é mal
Sendo assim por obrigação
Um bem,meu bem é não
Sendo assim por obrigação
Meu bem

Serei feliz,quando agir por mim
Sem querer nada no fim
Nem peso ou culpa
Só sinceridade faz bem.

Móveis Coloniais de Acaju.

Adeus

Quando eu vivo esse encontro,
Eu digo adeus
Refaço os meus planos
Pra rimar com os seus

Abandono o que é pronto
E digo adeus
Eu trago os meus sonhos
Pra somar aos seus

E toda vez que vier
Felicidade vai trazer
A cada vez que quiser
Basta a gente dizer
Só uma vez
Uma só voz

Móveis Coloniais de Acaju.

Aluga-se-vende

Alto lá não volte aqui não
Quem te fez fingir viver uma vida feliz?
Tá,eu sei meras tolices
Nos fizeram sem querer
Precisar de um juiz
Mas essas tuas chaves já não
Servem mais
Meu quarto e sala já tem um corretor
E se você quiser terá de alugar meu amor

Alto lá não fale assim não
Nem no medo vão nos ver ter a vida feliz
Mas cansei pois além disso
Nossa estupidez
Não nos deixou ver quanto gris
Ah!Essas tuas frases já não
Ofendem mais
Meu quarto e sala já tem um fiador
E se você quiser saiba que eu tenho já meu amor

Nem sei mais quem é você
Que está aqui de mudanças
Só vou lhe deixar aí solidão e lembranças

Vê se vem buscar o que
Restou aqui de lembranças
Pois já é hora de pôr recordações para fora.

Móveis Coloniais de Acaju.

Timber

Enquanto eu caminhava pela floresta
A floresta feita de pessoas
Alguém estava cortando-as para baixo
E as árvores cairam sem um grito

Seu machado quebrou o silêncio
E os pássaros deixaram seus ninhos
E em algum lugar eu ouvi um sino
Tinha chegado o momento para confessar

As folhas cobriram a terra
A floresta foi desolada

Enquanto caminhavam pela floresta
Não tinham mais nada a dizer

Madeira!Aqui vamos nós de novo
Madeira!É um jogo muito cruel.

Poesie Noire.

Poesie Noire-Timber

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tragedy

Eu pensei que era a espuma que cobria uma onda
Mas eu descobri que era um,apenas um desses

Quando alguma coisa me leva mais...Me leva mais tão intenso
É como atravessar uma montanha,e descobrir que é apenas um buraco

E parece nadar...Nadando em um lago vazio
Nadando em minha própria mente...Círculos que nunca terminam

Talvez eu esteja andando sobre as águas...Talvez eu esteja falando no gelo
E só quando eu começar a rir...Tudo derrete em meus olhos

Eu escalei até o topo da árvore...E descobri que não havia nada para ver.

Poesie Noire.
Calafrio arranca outra vez minhas lágrimas,
Apunhala meu peito
Perfura o meu oco coração

Minha dor novamente preenche o quarto
Esfria minhas mãos e o meu Amor

Entala-me rancorosamente
Gritam em meu peito
Os espinhos secos!

Termino ao fundo da garrafa
Afogando-se na última gota de vinho.

Rel de Lima 19/07/2011.

Espero que o vento consiga algum dia levar estas palavras até você

Anjo,
Anjo meu,
Tú que arrancastes o silêncio que jazia em mim
Foi o maior de teus pecados
Tú que ousastes conhecer aquilo que eu já havia enterrado em mim
Espero que o contrário deste puro,não seja tão cruel como antes fora

Ah!Como é tão insignificante este sentimento
Canalha Eu!Por mais outra vez sorrir e sonhar

Nada dói mais,quando mostra-se e prova-se o beijo
Mas não preucupa-se,dor minha
Minha dor!
Peço-te perdão!

E prometo-te ,que o silêncio que tú logo presentiou-me,
Não será mais violado e flagelado
O acolherei,como sempre fiz
Até que a morte cubra-me com o teu véu!

Rel de Lima 19/07/2011.
Hoje,abri uma garrafa de líquido rubro
Enchi meu copo,e aos poucos ele descia pelas escadas de meu corpo
Indo ao porão de minhas entranhas

Peguei aleatoriamente um cigarro de minha carteira
Acendi,
Traguei,
Exalei a fumaça para o longe

Suas cinzas,
Mancham o meu canto
No silêncio do pranto
Que o Amor correu.

Rel de Lima 19/07/2011.
O teu nome desconhecido,chamava-me atenção
Teus olhos,prendia os meus olhares
Desejava-te,mas não podia possuí-la
Teu nome,arrancava-me a curiosidade

O destino-tão arteiro-juntou nossas bocas
Replantou em mim, o que tantos outros haviam secados
Ah!Se soubesse como é cruel essa distância
Meu peito grita,querendo-te antes de dormir

Minha boca,esperneia querendo a tua
Meu corpo sente abstinência de teu corpo
Minhas mãos,coçam a procura de tuas costas

Ontem não te conhecia,nem sabia seu nome
Hoje sinto o que tinha pensando em ter perdido
Amanhã e por diante quero acordar ao teu lado.

Rel de Lima.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Heaven outside the mirror

Como você se sente quando você está andando através das colinas?
Eu irei dizer-lhe
Sinta-se como ninguém por perto
Volta
Voltas e voltas
Não me deixe para baixo
Vou levá-lo para o chão
Me levem de volta para as nuvens
Deixá-los levar-nos em torno de
E ao redor

Eu vi um novo céu fora desse espelho
E você não estava lá
Simplesmente não se importam
Você sabe com você se sente
Quando você está perdido nas colinas
Sinto que não se obtem um acordo
E por favor diga-me se isso é real
Como você se sente?

The Knutz.

domingo, 10 de julho de 2011

O amor vai nos separar

Quando a rotina corrói duramente
E as ambições são pequenas
E o ressentimento voa alto
Mas as emoções não crescerão
E vamos mudadno nossos caminhos
Pegando estradas diferentes

Então,o amor,o amor vai nos separar novamente

Por que o quarto está tão frio?
Você se virou para o seu lado
Será que só chego na hora errada?
Nosso respeito se acaba rapidamente
Mas ainda há esta atração
Que mantivemos ao longo de nossas vidas

Mas o amor,o amor vai nos separar novamente

Você chora em seu sono
Todos os meus fracassos expostos
E há um gosto em minha boca
Enquanto o desespero toma conta
Simplesmente algo tão bom
Simplesmente não pode funcionar mais

Mas o amor,o amor vai nos separar novamente...

Joy Division

Á vista

Acho que seus sonhos sempre acabam
Eles não crescem,apenas declinam
Mas eu não me importo mais
Eu perdi a vontade de querer mais
Eu não estou com medo,não completamente
Eu os assisto,enquanto eles caem
Mas eu me lembro
Quando éramos jovens

Aqueles hábitos de desperdício,
Seus sensos de estilo e de bom gosto
De fazerem o certo,você estava correto
Hei,você não sabia que estava certo?
Eu não estou mais com medo
Eu mantenho os olhos sobre a porta
Mas eu me lembro

Lágrimas de tristeza por sua causa
Temor de mal para você
Refletindo um momento no tempo
Um momento especial no tempo
Nós realmente não temos tempo
Mas eu me lembro
Quando éramos jovens

E todos os anjos de Deus se acautelam
E todos os seus juizes tomam cuidado
Sons,de casualidade
Tenha carinho
Por todas as pessoas que não estão presentes
Eu não estou mais com medo...

Joy Division

Geheimnis(Mistério)

Eu sou o teu segredo
A sua mentira
Sento-me secretamente no seu ombro
E bater a cabeça
Com o rosto contra a parede
Rir,rir,rir,rir e eu ri!

Eu sou o teu segredo
A sua verdade
Eu vou romper com minha mão amorosa
No abdomên
A cara com a verdade
A cara com a verdade
Diga o que você queria
Diga o que você queria
Rir,rir,rir,rir eu ri!

Olhe para as minhas mãos,ouve a minha respiração
E cuspir-me na boca
Diga o que você queria
Rir,rir,rir,rir eu ri!
E levá-lo para o braço

Rir,rir,rir,rir eu ri!

X Mal Deutschland

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sopor Aeternus - The Conqueror Worm (By Edgar Allan Poe)

A um coração

Ai! Pobre coração! Assim vazio
E frio
Sem guardar a lembrança de um amor!
Nada em teus seio os dias hão deixado!…
É fado?
Nem relíquias de um sonho encantador?

Não, frio coração! É que na terra
Ninguém te abriu… Nada teu seio encerra!
O vácuo apenas queres tu conter!
Não te faltam suspiros delirantes,
nem lágrimas de afeto verdadeiro…
-É que nem mesmo o oceano inteiro
Poderia te encher!…

Castro Alves.

Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas…
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram… choram…
Há crisântemos roxos que descoram…
Há murmúrios dolentes de segredos…

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!…

Florbela Espanca.

Teu segredo

Flores envenenadas na jarra.
Roxas azuis, encarnadas, atapetam o ar.
Que riqueza de hospital!
Nunca vi mais belas e mais perigosas.
É assim então o teu segredo.
Teu segredo é tão parecido contigo
Que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco
Como se o teu enigma fosse eu.
Assim como tu és o meu.

Clarice Lispector.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Ousei

Estupidamente ousei mostrar-te o meu carinho
Ousei quebrar o silêncio que tanto zelava em mim
Canalhamente ousei exumar aquele Amor
Que já havia sido decomposto pelos vermes em meu peito
Insultei minha tristeza quando cuspi um sorriso
Espantei minha solidão para o longe
Quando ousei -infelizmente- te amar...

Hoje,volto a regar aquele solo,que pensei jamais em voltar
Meu coração asquerosamente volta a dor
Meus olhos são queimados pelas lágrimas
Minha boca novamente molha-se com este pranto...

Rel de Lima

Quero

Quero arrancar de mim,este sentimento,
Que sufoca-me todas as noites em claro
Impedindo,esta pobre fera o esquecimento
Do gosto amargo e terrível do espasmo

Quero arrancar de mim,esse falso Amor
Que me ilude com tantos outros rostos
Dando-me o mesmo reflexo daqueles corpos
Que ousei abraçar,largando-me na dor

Quero,por um momento não sorrir
Apenas calar-se com o mais puro silêncio
Porque é algo que não consegue me ferir

Não quero falsos abraços de piedade
Muito menos uma palavra confortável
Quero apenas sumir dessa atrocidade.

Rel de Lima 05/07/2011.

Vestido

Vesti as vestes da morte
Envolvi o corpo que acabara de chegar.

Corpo frio,
Tão frio quanto a morte
Pálido igaul aos cortes de sua garganta

Espasmos,
Espasmos cadavéricos
Lançam ao longe o vestido da morte
Mas torno a cobri-lo

Porque aqui neste mundo
O calor já não faz mais sentido.

Rel de Lima 01/07/2011.

Brisa

A noite cai,
Junto a ela chega a nós  uma brisa
Uma brisa  fria e suave,
Enchendo nossas almas de terríveis arrepios medonhos

Olhamos ao longe,
Avistamos os vultos que aqui levantaram-se
Em sua dança macabra
Nos fitam com os olhos arregalados
E se achegam bem devagar

Curiosos,
Eles tentam nos tocar
Vagamos em meio dessa brisa
E sentimos um grande arrepio no coração
São nossos irmãos
Que se achegam na escuridão.

Condessa Regina 01/07/2011.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Súplica

A provar que hei perdido a segurança
Desde, Senhora, que cheguei a ver-vos,
Ao juízo recusam-se-me os nervos,
E sucede-me insólita mudança.

Tremo por mim, pesar que a linda e mansa
Face vossa me induza a vir dizer-vos
Esta infinita insânia de querer-vos
E na alma quanto sinto de esperança.

Apiedai-vos de mim, cuja loucura
Em toda parte só divisa abrolhos
Depois de ter o olhar de leve posto

Em vosso airoso talhe, em vossa alvura,
Nas duas noites que mostrais nos olhos,
Nas duas rosas que trazeis no rosto.

Aníbal Teófilo.

Velhas Tristezas

Diluências de luz, velhas tristezas
das almas que morreram para a luta!
Sois as sombras amadas de belezas
hoje mais frias do que a pedra bruta.

Murmúrios incógnitos de gruta
onde o Mar canta os salmos e as rudezas
de obscuras religiões – voz impoluta
de todas as titânicas grandezas.

Passai, lembrando as sensações antigas,
paixões que foram já dóceis amigas,
na luz de eternos sóis glorificadas.

Alegrias de há tempos! E hoje, e agora,
velhas tristezas que se vão embora
no poente da Saudade amortalhadas!…

Cruz  e Sousa

Noturno

Têm para mim Chamados de outro mundo
as Noites perigosas e queimadas,
quando a Lua parece mais vermelha
São turvos sonhos,Mágoas proibidas,
são Ouropéis antigos e fantasmas
que,nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo Aqui.

Será que mais Alguém vê e escuta?

Sinto o roçar das asas Amarelas
e escuto Canções encantatórias
que tento,em vão,de mim desapossar.

Diluídos na velha Luz da lua,
a Quem dirigem seus terríveis cantos?

Pressinto um murmuroso esvoejar:
passaram-me por cima da cabeça
e,como um Halo escuso,te envolveram.
Eis-te no fogo,como um Fruto ardente
a ventania me agitando em torno
esse cheiro que sai de teus cabelos.

Que vale a natureza sem teus Olhos,
ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?

Da terra sai um cheiro bom de vida
e nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa que teu cabelo,solto ao vento,
abrase fundamente minhas mãos...

Mas,não:a Luz escura inda te envolve,
o vento encrespa as Águas dos dois rios
e continua a ronda,o Som do fogo.

Ó meu amor,por que te ligo à morte?

Ariano Suassuna.

Último Credo

Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,
Amo o coveiro-este ladrão comum
Que arrasta a gente para o cemitério!

É o trancedentalíssimo mistério!
É o "nous" ,é o "pneuma",é o "ego sum qui sum",
É a morte,esse danado número "Um"
Que matou Cristo e que matou Tibério!

Creio como filósofo mais crente,
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica que evolui...

Creio,perante a evoluçaõ imensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular eu que ontem fui...

Augusto dos Anjos.

Se Eu Morresse Amanhã!

Se eu morresse amanhã,viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanto glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de povir e de manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol!Que céu azul!Que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória,o dolorido afã...
A dor no meu peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Álvares de Azevedo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Algo chamava meu nome no escuro

Algo chamava o meu nome no escuro
Uma voz aveludada e doce
Vinha acompanhada ao  frio

Algo chamava o meu nome no escuro
De um jeito que fazia-me acordar do mais pesado sono
Mas dessa vez,uma voz infantil

Algo chamava o meu nome no escuro
Puxando minhas cobertas para o chão
Uma voz fina,igual aos chuviscos daquela noite

Algo chamava meu nome no escuro
Dessa vez,agarrou-se aos meus pés
Uma voz arranhada e agoniada

Algo chamava meu nome no escuro
-Puto por que pertuba-me tanto?-logo perguntei
Aquela voz dessa vez sorriu
E do escuro
Deu-me um bote.

Rel de Lima 01/07/2011.

Confissão para a morte

No pouco tempo que restava-me de vida
Confessei a morte o que tanto calava-me:

"Abortei a alegria que carregava em mim,
Enterrei vivo,o sorriso que pouco estampava,
Desejei a tristeza,enquanto deitava-me com a alegria,
Tranquei no calabooço do silêncio o Amor que tinha,
Profanei todo aquele sentimento,
Espanquei as flores,depois de jogá-las contra a parede de meu quarto,
Enforquei todos os meus cigarros,
Sequei os espinhos,
Castiguei o corpo,
Destrui o copo- que cheio estava - de sonhos,
Gritei alto nas noites em claro"
Suplicando por ti,
Querendo o descanso eterno
Para não voltar a fazer demais atrocidades
Enquanto puder pulsar...

Rel de Lima 01/07/2011.
A vida agora ri da minha recente desgraça
Rola e cai no chão
Debatendo-se como uma fera encurralada
Cospe em meu rosto
Aquilo que só ela consegue encenar.

Ah!Como desejo-te morte,
Fico em cólicas a tua espera
Acabo ficando biruta a tua procura
Grito por teu nome e tua presença
Mas acabo gritando no vácuo.

Não desejo dar fim com minhas próprias mãos
Algo tão covarde assim,não mereces a tua atenção
Repousarei,até tua chegada
Mas peço-te que não demores
Porque morrer pela vida
É em vão...

Rel de Lima 01/07/2011.
Andava sozinho
Eu,meus passos e pensamentos e um cigarro
O último de minha carteira amassada que repousava em meu bolso
E junto comigo,o sereno plausivamente também dava tragadas
O vento que tanto leva sementes para o desconhecido
Levava minhas fumaças
Dissipando-as nesta atmosfera sinistra.

As cinzas eram varridas da calçada
Indo de encontro ao bueiro
Igualando-se a minha felicidade
Que errei em ter estampado
Para que os outros a jogassem no ralo de suas vidas.

Rel de Lima 01/07/2011.