domingo, 27 de novembro de 2011

Minhas mãos,minha cabeça,meu corpo
Rígidos,frios,mortos
Dor,que no peito bate,
Pulso...

Frio,silêncio,pairam
Do medo para angústia
Choro,chagas,e um ódio a mais

Meu crânio,ali olha
Nas flores,pétalas de plástico
No cinzeiro,lástima

Na boca,o gosto nicotinado
Nos pés,dormência demente
No peito,o coração bate em espinhos.

Rel de Lima 27/11/2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O escaravelho ilusionista

O escaravelho ilusionista que sorri da minha desgraça
Inútil ser,ao ver você,minha alma se arrepia
Cantando nas vielas da vida minha
Me contorço em total agonia
Vida minha,maldita vida
Mas não mal digo a vida,e sim aqueles que não sabem viver
Que não sabem viver a vida

Vejam,são crânios
Crânios dos que já partiram
Já não vivem mais a nossa vida
Voe
Voe para além do túmulo
Pule,
Pule logo este medonho muro
Pule dentro do escuro
Grito mas meu ser está mudo
Imundo mundo!
Acordes logo para o além do túmulo.

Von Becker.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Restos

No meu sujo cinzeiro,as sobras de alguns cigarros
No meu copo,vestígios de vinho adormecido
Que não consegui mais beber
No meu caderno,algumas palavras que pairam e desfalecem
Dentro e fora de mim

Sobre a mesa,
Pedaços de parafina queimada das últimas inquietantes noites
Na minha garrafa retirada de minha empoeirada adega
Apenas a safra de meus velhos Ais

No peito,pedaços trincados de um triste coração
No jardim,nem as secas pétalas cobrem o velho chão
Nas flores,os restos de afiados espinhos

No choro,
O restante de alegria que persiste em relutar
Na dor,
As lembranças de quem algum dia viveu...

 Rel de Lima 16/11/2011.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Uma canção para ninar

Do berço de meu solitário mundo
Meu amor chora
A ausência da tristeza para amamentá-lo
Só aumenta sua inocente agonia

Desta ternura infinita
Meu amor tão puro alimenta-se
No seio da tristeza,o leite irá fortificá-lo

Depois de amamentá-lo,
Pairar,
Abraçar,
Cantar a velha canção de ninar
Para que meu amor volte a sonhar...

Rel de Lima 14/11/2011.

Carta de despedida

Venho por meio desta,despedir-me por completo desta vida,se assim pode-se dizer,que estupidamente forcei viver.
Reconheço que não ganharei méritos,elogios por esta fria e covarde atitude.Reconheço também que em dias funérios como este,serei lançado na adega do esquecimento de poucos,mas isso ao meu ver nunca foi realmente um terrível problema.Junto com a tristeza,aprende-se a viver solitariamente.
Não desejo e nem quero flores,coroas ou saudades.Deste mundo apenas irei levar comigo,a lembrança e a saudade de quem realmente gostei e amei,e confesso que se contar nos dedos,irão sobrar muitos.
Desta viagem,o encanto meu,esperava ser levado,não de ter que ir com as próprias pernas,mas a necessidade veio e falou mais alto.Não pense que não foi por lutar,mas até os bons guerreiros algum dia,merecem descansar.
Dos meus atos,não arrependo-me de tê-los feito.Se fiz chorar,foi porque sempre simpatizei com a verdade,embora algumas vezes ter deitado com a mentira,foi a solução mais corajosa que eu estupidamente fiz.
Espero que os vermes,estes fiéis operários do submundo,não se entristeçam com a pouca carne que tenho.Em instantes,espero poder ganhar o silêncio absoluto de minhas chagas,que viveram vociferando.


Isso é apenas uma forma poética...E confesso,que foi uma das mais belas sensações que já consegui sentir,ao escrever.
Rel de Lima  14/11/2011.
No meu peito,dor crescia
Espalhava-se para o restante do corpo
Como fogo sob palha
Dor,que conseguiu arrancar lágrimas

Até em meu silêncio
Tal sentimento conseguia machucar
No vento,o frio piongo de Novembro
Suspiros meus,igualando-se aos Ais

Olhares perdidos,
Dor,carrasca que degola o sorriso meu
Puxa uma cadeira,e venha brindar.

Rel de Lima 12/11/2011.

Uma taça de vinho

Eu,espectro mundano,do vinho branco hei de beber
Embriagar-me,para assim não voltar a desfalecer
O que encaixei a sete palmos do chão
Com uma taça de vinho,estrangulo o perdão

Eu,poeta infeliz,irei me lamentar
Vida cão,não propuseste-me nenhum conforto
Já não quero,mais fumar e esperar
A felicidade perdida em um aborto

Louco eu,em sóbrio te amar
Ébrio mais imundo ainda,fingir não sentir a dor
Entristecer o meu velho jardim,que agora seca

Os espinhos velho amigo,são afagáveis
O choro,a mais fiel cópia do sorriso
E a solidão,a mais amada das amantes.

Rel de Lima 14/11/2011.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Eu

Eu,semente esquecida
Jogada no armazém estava

Eu,solo seco
Sequei o amor que tinha para arar

Eu,vento viajante
Com as fumaças tragos,não quero mais brincar

Eu,sorriso cintilante
Agora do rosto,acabo de desbotar

Eu,amante febril
Desta vez,ponho-me a prantear

Minhas máculas,agora vieram me chaguear
A tristeza,a semente esquecida no armazém
Brotou no meu jardim colorido
Ressecando as flores,que ali falei
Enquanto perdia-me pelas esquinas de minha vida.

Rel de Lima  ?/10/2011 08/11/2011.

O Esquecido

Minha Miséria doentia,nunca pesou tanto como agora
Minhas lágrimas- logo estas- nunca foram tão secas
Meu copo de vinho,nunca esteve tão vazio
Em meu cinzeiro,nem as cinzas querem minha presença
Meu peito,nunca arranhou tanto como hoje

As inúmeras pontadas em minha conturbada cabeça
Abstinência de minhas esquecidas pílulas

Já em meu silêncio,o frio agora se vai
A dormência de meus dedos,agora falece
Minha besta fera interior,enjaulada agora morre

Minhas chagas,hei de levar comigo
Meu vazio,os vermes irão fazer proveito
Depois que o fiel coveiro
Vier cobrir-me com o mais simples dos mármores.

Rel de Lima 01/11/2011.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Pêndulo de minha atroz miséria

Era uma noite,quando notei que não sentia mais o frio
A tristeza,foi possuindo-me aos poucos, desde minhas pernas aos fios de minha cabeleira
Senti os olhos transbordando,
O calafrio repentino
A dor do vazio,agora nunca foi tão forte
A solidão agora sussurra em meus ouvidos
Roubando-me o sono,
Lacerando meu coração,
Secando minha boca,
Martelando minha cabeça
Desenterrando em mim,o que acabei de sepultar
Embriagando-me de novo com a desgraça.

Rel de Lima 03/11/2011.